quarta-feira, 29 de agosto de 2012

QUEM TEM MEDO DA VERDADE ? PORQUÊ ? (ACTUALIZADO)

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Reproduzimos abaixo o e-mail enviado a José Gaio, director de "O Templário", e que, até ao momento, não lhe mereceu qualquer resposta ou esclarecimento.

O que, sinceramente, lamentamos.

De resto, deixamos à consideração dos nossos leitores a interpretação desta atitude e do que ela pode revelar.




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Virgílio Lopes

27 Ago (há 2 dias)

para josegaio






Boa tarde, Sr. José Gaio,

Chegou ao meu conhecimento que o Sr. António Rebelo lhe teria enviado um e-mail/ultimato relacionado com a carta do Sr. Alexandre Lopes, publicada n' "O Templário".

Essa eventual missiva foi reproduzida, sob reserva, no meu blogue e mereceu a publicação de um post  :

http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4220248812981631163#editor/target=post;postID=4678260295879184726

Nesse post, e apesar do estilo "rebelino" da prosa, admitíamos a possibilidade de estar perante uma falsidade - total ou parcial.

Daí que, no final do post, tenhamos feito um apelo a ambos (Sr. José Gaio e/ou Sr. António Rebelo) no sentido de confirmarem ou desmentirem a recepção/envio do texto publicado.

Decorreram vários dias e, nem um, nem outro, o fizeram.

Assim, decidi dirigir-me directamente a si e perguntar-lhe :  É VERDADE OU MENTIRA ?  Na hipótese de ser verdade, PORQUE NÃO DEU CONHECIMENTO PÚBLICO aos leitores do jornal, independentemente da sua soberana decisão de responder ou não responder ?

Estou crente que não deixará de me responder a estas duas questões, sobretudo por razões éticas, deontológicas e de cidadania.

Fico a aguardar as suas respostas.

Os meus cumprimentos,


Virgílio Lopes
editor do blogue "Tomar - que futuro ?"


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ACTUALIZAÇÃO (31.8.2012)


Na edição de ontem de "O Templário", José Gaio publica um artigo de opinião que reza assim :



Se bem entendemos, tudo espremido, resulta que :

"António Rebelo (...) ameaça com processo judicial. "


Mas, para nós e para muitos leitores, subsiste a falta de esclarecimentos cabais por parte de José Gaio.

O texto do alegado e-mail que António Rebelo lhe enviou e que aqui reproduzimos, é verdadeiro ou falso ?

Se é falso, porque não faz um desmentido inequívoco, em nome da transparência e como simples exercício da cidadania plena, tanto mais na sua qualidade de director de um jornal ?


Se é verdadeiro, e pelas mesmas razões, porque não o fez publicar ?


O que está em causa ultrapassa, e muito, as questões que o inspiraram para entitular o seu artigo.

A ser verdadeiro o que publicámos, estamos perante uma pressão muito grave.
Na forma e no conteúdo.
Que não merece ser encoberta, seja a que título for.

Assim, renovamos o apelo a José Gaio para que, em nome dos princípios que diz defender e que certamente ensina aos seus alunos, esclareça de vez, com transparência, o que realmente se passou.
E para isso só tem de confirmar (e dar a conhecer nas páginas do seu jornal) ou desmentir o que, sob reserva, aqui publicámos.
Mesmo que sem quaisquer comentários.

Ficamos a aguardar que a sua dignidade pessoal e a sua ética e deontologia profissional se sobreponham a quaisquer pressões ilegítimas, venham de onde vierem.

O seu compromisso deve ser apenas com a verdade e a transparência.

Com todo o respeito,

Virgílio Lopes

sábado, 25 de agosto de 2012

MIGUEL RELVAS, futuro ministro do petróleo ?

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25.08.2012 10:14

Miguel Relvas de visita a Timor Leste a partir de terça-feira para "reiterar apoio" de Portugal



 

O ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares inicia terça-feira uma visita a Timor-Leste para "reiterar o apoio" de Portugal à consolidação política e económica do país, disse hoje à agência Lusa fonte do gabinete de Miguel Relvas.

"(A visita) visa reiterar o apoio de Portugal ao processo de consolidação política e económica do mais jovem país de língua portuguesa e também reforçar os seculares laços de amizade entre os dois povos, irmanados por uma estreita convivência ao logo da História", acrescentou a fonte.
Noutra perspetiva, disse a fonte, Portugal, "que mantém significativas ações de cooperação em Timor-Leste - designadamente ao nível da segurança, da educação e da cultura -, congratula-se com a maturidade revelada pelo povo timorense em três eleições democráticas que decorreram de forma exemplar e os elevados índices de crescimento económico do país, à taxa média anual de 11 por cento desde 2008".
Na deslocação de Miguel Relvas a Timor-Leste - de três dias e concentrada apenas em Díli, a capital -,o ministro assinará também com o seu homólogo timorense, Hermenegildo Pereira, ministro de Estado e da Presidência do Conselho de Ministros, um acordo de cooperação na área da comunicação social.
Na assinatura do acordo está prevista a presença do presidente da RTP, Guilherme Costa, e do presidente da agência Lusa, Afonso Camões. Uma visita ao quartel do contingente da Guarda Nacional Republicana estacionado em Díli no âmbito das forças das Nações Unidas, encontros com o Presidente da República, Taur Matan Ruak, do Parlamento Nacional, Vicente Guterres, com o primeiro-ministro, Xanana Gusmão e com o líder da oposição parlamentar marcam também a visita de Miguel Relvas.
O ministro, que deixa Díli na quinta-feira, representará ainda Portugal nas cerimónias do 13 aniversário do referendo que conduziu à independência do país e visitará o Museu da Resistência.

Lusa



O Sr. "dr." continua em estágio.

Ao que parece, a "licenciatura" em Relações Internacionais deverá ter sido apenas na variante CPLP.

...ou então tirou negativa (desculpem!...não terá tido equivalências) noutras línguas que não o Português.

É que o ministro dos deputados "amensalados", do futebol e da propaganda só se desloca a países lusófonos...

...é vê-lo num rodopio pelo Brasil, por Angola, e agora...por TIMOR.

Terá algum fetiche especial pelo cheiro do PETRÓLEO ?

Ainda não nos deu o prazer de o vermos em digressão por países francófonos, anglo-saxónicos ou sequer onde se fala a língua de "nuestros hermanos".


Será porque haverá certo tipo de negócios em que é imprudente a presença de terceiros, designadamente intérpretes, coisa que pode dispensar no universo da CPLP ?


Ou será que a postura de ministro transversal se está a acentuar por banda das competências e funções do colega Paulo Portas ?


Deixemos o tempo correr...
A sede é tão grande que há-de aparecer grossa esbeiçadela nas bocas dos potes.

E como eu gostava de me enganar...


VL
 

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

SERÁ VERDADE, "coronel" REBELO ?


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Recebemos, de um leitor deste blogue, a informação de que o "coronel" REBELO teria enviado um e-mail ao director de "O Templário com o seguinte teor :



"Notificação única


Exmo Senhor Director do semanário O TEMPLÁRIO

Aproxima-se a passos largos um longa campanha eleitoral, que na minha
opinião vai ser das mais agitadas da democracia portuguesa. Os actos
insólitos e menos ponderados já em curso assim o parecem indicar. Em
tal contexto, nada melhor do que tentar pôr as coisas em pratos limpos
quanto antes. Sempre considerei que, em qualquer democracia saudável,
cada cidadão deve pautar as suas acções pelo conhecido aforismo \"Um
máximo de liberdade num máximo de responsabilidade\". Para que não
haja dúvidas nem meios termos.
Publicou V. Exa na edição de hoje, na página 12, uma opinião
intitulada \"António Rebelo e a sua saúde\", da autoria ou pelo menos
subscrita por Alexandre Lopes
,
sem dela me ter dado conhecimento
prévio, como era seu dever, nos termos da deontologia jornalística em
vigor, uma vez que é portador de uma carteira profissional de
jornalista.
Pois bem, considero tal texto difamatório, nos termos e
para os efeitos previstos  nos artigos 180 a 183 do Código Penal.
Por se tratar de cidadãos conhecidos, de bons costumes e pouco
habituados as exigências da lei, admito que poderão ter agido mais por
ignorância do que com premeditação. Assim sendo, feitas as necessárias
consultas,
concedo a ambos por este único meio um prazo de três
semanas,
a contar de hoje e a terminar em 24 do corrente mês de
Agosto, para publicarem, em separado, no jornal que dirige,
e também
no CIDADE DE TOMAR
só para o aludido autor, um texto intitulado
\"Pedido de desculpa a António Rebelo\", que deverá imperativamente
incluir  uma introdução explicativa e três pontos:
A -
Reconheço que
errei ao publicar o texto \"António Rebelo e a sua saúde\" e aqui
manifesto o meu arrependimento;
B -
Peço desculpa ao visado no texto,
pessoa que  merece toda a minha consideração e à qual nada tenho a
apontar em termos de saúde ou de comportamento cívico
; C - Admito que
os textos publicados pelo blogue Tomar a dianteira são em geral
agrestes, mas justos e fundamentados, nunca invadindo a vida privada
de cada um.

Caso constate que, decorrido o prazo antes indicado, nada do
solicitado foi executado,
deixarei então que seja o poder judicial a
decidir, no âmbito cível e criminal.


Respeitosos cumprimentos,

António Rebelo "



Como o alegado e-mail não foi publicado pelo "O Templário";

Como, a fazer fé na informação que nos fizeram chegar, o alegado prazo termina hoje - 24 de Agosto.

Perguntamos :

É VERDADE ?

Só António Rebelo e/ou José Gaio o podem e devem esclarecer.


VL

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

DIZ-ME COM QUEM ANDAS...

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Com a devida vénia, do "Conversas da Bola" :




Miguel Relvas janta com Joaquim Oliveira, Pinto da Costa e
António Salvador

 

Quinta-feira, 23 de Agosto de 2012

 
 
 
 



































Relvas não pára.

Na quarta-feira, mas em silêncio, o ministro lá esteve a jantar a tradicional carne assada na Festa do Pontal. Mas Miguel Relvas não pára. E se uns dias antes tinha sido visto a almoçar com Joaquim Oliveira e Zeinal Bava na praia do Ancão, na véspera do Pontal, terça-feira ao final do dia, participou noutro jantar com figuras de primeira água. Entre elas, Joaquim Oliveira, o patrão da Sport TV e do "DN", Pinto da Costa e António Salvador, presidente do Braga. De que falariam tão ilustres comensais, em vésperas do início do campeonato e numa altura em que as televisões generalistas ficaram alheadas da transmissão dos jogos do campeonato? Para que conste, o jantar foi no Golfinho, na praia da Falésia.



É TUDO GENTE AMIGA...do ministro do Desporto e Afins.

Um negoceia em fruta, em apitos, agências de viagens e agora também em televisão;
outro em jornais e televisão;
outro em telecomunicações, televisão e conteúdos;
um é emergente; 
e o outro negoceia em tudo.

Tudo "peixe grosso"...daquele com que se fazem as divinas "caldeiradas"...

O que "cozinharam" ?

ADIVINHEM !!!...

Nota : Peço desculpas pelos enormíssimos espaços brancos resultantes das minhas insuficiências técnico-informáticas.


Com todo o respeito,


VL








 

Mais um sucesso de MIGUEL RELVAS

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Do "Esquerda.net", com a devida vénia :

"Impulso Jovem" criou dois postos de trabalho por dia

Anunciado em junho pelo Governo com grande pompa e 344 milhões de euros ao dispor, o programa que reduz a taxa social única às empresas que contratem jovens desempregados tem por objetivo empregar 89 mil jovens até ao fim de 2013. Mas a manter-se o ritmo deste "impulso", o programa teria de vigorar até ao ano 2093.
 
 



Foto Paulete Matos.


Quando apresentou as linhas gerais do 'Impulso Jovem' ao Parlamento, Miguel Relvas dizia que este programa "não é para inglês ver, mas para português fazer". Com um fundo comunitário de 344 milhões de euros para gastar, o programa desdobra-se em modalidades com nomes atrativos como "Passaporte Emprego", "Passaporte Emprego Economia Social", "Passaporte Emprego Agricultura" ou "Passaporte Emprego Associações e Federações Juvenis e Desportivas".
Mas ao fim das primeiras semanas de aplicação, o resultado dificilmente podia ser mais negativo: dos 35 jovens empregados com recurso aos apoios do "Impulso Jovem", 24 foram contratados a prazo. Apesar de oferecer às empresas uma isenção até 100% nas contribuições para a Segurança Social, o teto de 175 euros mensais torna o programa apetecível para quem queira empregar jovens com baixo salário, já que a partir de 700 euros de salário mensal, o benefício esbate-se à medida que a taxa de isenção diminui.
"Além de destruir a carreira contributiva dos jovens desempregados e de descapitalizar a Segurança Social, devido à legislação ser mal feita, os patrões não têm de criar postos de trabalho líquidos, pelo que podem simplesmente despedir alguém que já estivesse na empresa para substituí-lo por pessoas em “Impulso Jovem” a preços de saldo subsidiado pelo Estado", denunciou a Associação de Combate à Precariedade - PI.
Mas nem isso parece motivar os potenciais empregadores, com o Governo a prometer agora lançar uma ofensiva de propaganda da medida em setembro, incluindo a abertura de um portal eletrónico para candidaturas, uma forma de encontrar potenciais interessados e cumprir a meta de empregar 89 mil jovens desempregados até ao final do ano que vem. "A este ritmo estonteante, estes 89 mil jovens estarão todos integrados no mercado em… 2093!", comenta a associação de precários, que acusa o Governo de "continuar a criar empresas subsídio-dependentes" enquanto a sua propaganda repete "que são os pobres que vivem de subsídios".

É TUDO À GRANDE !!!...



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 RTP Notícias

Ex-arguido recusa pagar despesas de carro apreendido e usado pelo Governo

 



Um homem absolvido em Tribunal e a quem foram apreendidos bens está há mais de um ano à espera da devolução. Rui Sousa ficou a saber que o seu Mercedes foi atribuído primeiro ao Governo Civil de Viseu e depois ao gabinete do ministro Miguel Relvas. Durante esse tempo, foram feitas despesas no automóvel que agora Rui Sousa foi notificado para pagar. Entre elas está uma fatura de cerca de cinco mil euros com limpeza de vidros.

 
 
 

Será que os vidros foram lavados com champagne Dom Perignon Jeroboão Ouro Branco ?

 
 
 


Como diz o NILTON :

É tudo À GRANDE e à CHANCELER !!!...


VL


Dossier RTP / RELVAS - mais um exemplo da OPACIDADE reinante (ACTUALIZADO)

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Newshold: o silêncio é a arma do negócio?



Há uns anos, o ex-deputado laranja Agostinho Branquinho perguntou numa comissão parlamentar o que era a Ongoing. Poucos meses depois, trocava São Bento por um cargo na empresa que dizia desconhecer. Com a Newshold, detida por uma sociedade offshore no Panamá e ligada a capitais do regime angolano, a pergunta é outra: o Governo mandou calar na rádio e na agência de notícias pública uma voz crítica de Eduardo dos Santos para agradar a Luanda, aparentemente interessada na RTP1?

A RTP acabou com o espaço de opinião que serviu de palco a críticas duras a Angola. Imagem Artigo 21º


Lead:
Há uns anos, o ex-deputado laranja Agostinho Branquinho perguntou numa comissão parlamentar o que era a Ongoing. Poucos meses depois, trocava São Bento por um cargo na empresa que dizia desconhecer. Com a Newshold, detida por uma sociedade offshore no Panamá e ligada a capitais do regime angolano, a pergunta é outra: o Governo mandou calar na rádio e na agência de notícias pública uma voz crítica de Eduardo dos Santos para agradar a Luanda, aparentemente interessada na RTP1?
No passado dia 18 de janeiro, a crónica habitual de Pedro Rosa Mendes na Antena 1 criticou a emissão do programa televisivo “Prós e Contras” da RTP feita em direto a partir de Angola, com a participação do ministro Miguel Relvas, como sendo "um dos mais nauseantes e grosseiros exercícios de propaganda e mistificação a que alguma vez assisti". Rosa Mendes é um dos jornalistas portugueses que mais escreveu sobre a corrupção em Angola e na sua crónica não poupou o programa apresentado por Fátima Campos Ferreira.
"A nossa televisão foi a Luanda socializar com os apparatchiks do regime", disse o antigo jornalista da delegação da agência Lusa em Paris, até que em agosto do ano passado, a delegação foi encerrada. "O encerramento da delegação de Paris foi expressamente pedido ao presidente da Lusa pelo ministro Miguel Relvas", afirmou na altura Rosa Mendes ao semanário Expresso, referindo-se à reunião entre o ministro e Afonso Camões antes do anúncio da decisão.
A "operação de limpeza" de vozes críticas da corrupção em Angola na informação pública coincide com o aumento dos negócios em Portugal por parte das figuras mais chegadas ao círculo de Eduardo dos Santos. E o grupo Newshold tem sido dos mais ativos a fazer crescer a sua influência na estrutura acionista da comunicação social em Portugal, depois de adquirida a maioria do capital do semanário Sol. No último semestre do ano passado, adquiriu as posições do BPI e do Santander na Cofina e é hoje dona de 15% da empresa que detém o Correio da Manhã, Record, Sábado e Jornal de Negócios. A Newshold ainda detém uma participação minoritária no grupo Impresa (SIC, Expresso, Visão) e este mês foi associada ao comprador mistério que fez disparar num dia em 31% o valor das ações da empresa liderada por Pinto Balsemão, com quase meio milhão a serem transacionadas.
A Newshold é detida pela Pineview Overseas, uma empresa com sede no offshore do Panamá e com um capital social de dez mil dólares. Em Portugal, a empresa é representada pela advogada Ana Oliveira Bruno, que preside à sociedade proprietária do semanário Sol e representa outras sociedades offshore com interesses em imobiliário, sendo também administradora do resort Vale do Lobo, no Algarve. Os nomes mais associados pela imprensa ao capital da Newshold são o do porta-voz presidencial Aldemiro Vaz da Conceição e o do empresário António Maurício, vice-presidente da Fundação Eduardo dos Santos e presidente da Construtora do Tâmega. Numa das raras declarações públicas - numa conferência sobre investimento angolano em Portugal, realizada em Lisboa em novembro de 2010 - Ana Bruno afirmou que "o capital angolano tem de ser bem recebido e bem tratado".
Com poucas semanas de intervalo, a saída do vice-presidente da RTP José Marquitos para administrador da Newshold e o "Reencontro" da RTP em Luanda com Miguel Relvas, políticos e empresários podem ser lidas como uma boa indicação acerca da identidade do potencial comprador do canal 1. Mas não só: como diz a Comissão de Trabalhadores da RTP, "ao escamotear a realidade angolana, o programa 'Reencontro' deu, afinal, execução e cumprimento às recomendações de um relatório que a abominação pública parecia ter relegado, merecidamente, para o caixote do lixo da História – o relatório Duque", que advogava a informação filtrada "a bem da Nação".




Hoje, em 23 Agosto 2012, seis meses passados, o "Público" dá à estampa :


Televisão pública

Grupo angolano cria empresa para comprar canal da RTP

23.08.2012 - 08:08 Por Maria Lopes
 
Privatização de licença da RTP mobiliza interesse dos accionistas do semanário SolPrivatização de licença da RTP mobiliza interesse dos accionistas do semanário Sol (Foto: Fernando Veludo/nFactos)
A Newshold, grupo angolano proprietário do semanário Sol, está a preparar a sua candidatura à privatização de uma frequência da RTP, tendo para isso criado uma nova empresa.
De acordo com fontes do mercado contactadas pelo PÚBLICO, a Newshold está mesmo já a contratar colaboradores para a elaboração do projecto.

Quem está a conduzir o processo dessa nova empresa é José Marquitos, que foi vice-presidente da RTP durante quatro anos e saiu em Janeiro, aquando da mudança de mandato e da redução da administração da estação pública de cinco para três elementos. Fora administrador do Sol em 2006 e 2007, e a sua contratação para director-geral para as empresas participadas foi confirmada pela Newshold ainda antes de Marquitos deixar a RTP.

Contactado pelo PÚBLICO, José Marquitos negou que esteja envolvido na preparação de candidatura do grupo de capitais angolanos à privatização de uma frequência da RTP. Admitiu que o grupo criou uma nova empresa, a Novo Conteúdo, uma espécie de intermediário entre os compradores e os vendedores de espaço publicitário em órgãos de comunicação social. Destina-se apenas a "conseguir mais eficiência em áreas como a publicidade e a distribuição para o jornal Sol", embora admita que "possa vir a ganhar massa crítica com outros títulos" e outros projectos. Porém, afirma desconhecer outros planos do accionista para a Novo Conteúdo, remetendo esclarecimentos para o administrador Mário Ramires - de quem, apesar de várias tentativas, não foi possível obter um comentário.

O objecto social da Novo Conteúdo é, no entanto, mais vasto. Além da prestação de serviços de marketing e planeamento publicitário, entre outras funções, a empresa dedica-se também à "consultoria e assessoria no desenvolvimento, implementação e acompanhamento de projectos de marketing, publicidade e comunicação". Criada em Dezembro de 2011, a empresa teve como presidente a advogada Ana Bruno - representante de investidores angolanos em 20 outras empresas, e na altura também presidente da Newshold -, que foi depois substituída por Sílvio Madaleno na sequência do caso de fraude fiscal e branqueamento de capitais conhecido como operação Monte Branco.

Além do Sol, a Newshold tem uma participação de cerca de 15% na Cofina, que edita o Correio da Manhã (CM), e uma participação residual de 1,7% na Impresa. A Cofina, que actualmente está a apostar no sector da televisão através do Correio da Manhã TV - canal generalista com forte componente informativa com lançamento em exclusivo no Meo previsto para o primeiro trimestre do próximo ano -, é o parceiro natural para a Newshold no dossier RTP. A Cofina não quis comentar o assunto.

O assunto RTP está neste momento a provocar um movimento de informações contraditórias no sector do audiovisual. Para uma parte, o cenário de candidatura de capitais angolanos - incluindo outras empresas além da Newshold - é ponto assente; para outra, a versão posta a circular é a de que ninguém de Angola estará interessado na RTP por causa das polémicas que daí poderão advir - haverá quem considere que as empresas angolanas serão mesmo inelegíveis neste processo -, e a teoria de que os 15% que a Newshold tem na Cofina poderão servir de alavancagem para uma candidatura conjunta à compra da RTP é pura especulação. O grupo do CM é o único dos grandes que não tem uma participação com peso na TV.

De olho na RTP estará também, indirectamente, a Ongoing. O negócio só seria exequível através da sua participada brasileira Ejesa, já que o grupo de Nuno Vasconcellos detém uma quota de 23% na Impresa, dona da SIC. Embora o mercado dos media atravesse uma crise, um activo retirado à RTP pode, ainda assim, ser interessante para redes internacionais como as brasileiras Bandeirantes ou Record, ou até a italiana Mediaset, que também tem canais de televisão em Espanha. Outra possibilidade é os candidatos excluídos do concurso para a atribuição do quinto canal - e que impugnaram em tribunal a decisão da Entidade Reguladora para a Comunicação Social - voltarem agora os seus interesses para a privatização de um canal da RTP. Embora o grupo de empresários que deu origem ao consórcio Telecinco seja uma hipótese mais afastada, não é de estranhar que a Zon Multimédia se coloque no início da corrida. A Zon tem como accionista de referência a filha do Presidente angolano, Isabel dos Santos (28,8%), mas estão também na lista de accionistas Joaquim Oliveira e a Ongoing, ambos com menos de 5%.O cenário actual no mercado é de expectativa: não se sabe qual a estratégia e o modelo a aplicar neste negócio de venda de uma frequência da RTP. Uma hipótese é que a venda de uma frequência possa ficar de algum modo ligada também à alienação de boa parte dos meios de produção - uma estratégia para ajudar a criar mais-valias no bem a alienar. Ou seja, quem comprasse a frequência - e não o canal de programação - ficaria com a parte técnica (excluindo a produção de informação, como a régie), tendo depois privilégios no fornecimento de programas aos canais remanescentes no serviço público. Outra ideia em cima da mesa é que o comprador da frequência e dos meios de produção possa ficar nas instalações da RTP mediante o pagamento de uma renda - uma receita segura para a empresa.

Notícia publicada na íntegra às 13h40. Leia mais artigos sobre este tema no PÚBLICO desta quinta-feira ou na edição online exclusiva para assinantes.

 
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Comentário + votado

Erva daninha

Isto cheira a Relvas meus senhores, há Relvas a crescer por todo o lado.
Arons Vale E Cunha
23.08.2012 12:14

E, face a esta e outras notícias similares, o que me ocorre suscitar ?



RTP quer dizer RÁDIO E TELEVISÃO DE PORTUGAL, S.A.
É, portanto, uma empresa com um vasto património imobiliário, técnico e tecnológico (meios de produção), possuidora de pelo menos 3 rádios - Antena 1, Antena 2, Antena 3 - pois não sei qual o estatuto da ex-RDP Internacional; dois canais de televisão em sinal aberto - RTP 1 e RTP 2; 4 canais por cabo - RTP Internacional, RTP África, RTP Memória, RTP Informação.
E tem ainda um ARQUIVO áudio e de imagem de valor incalculável.
Vendam o que venderem, a quem fica a pertencer este vasto património imobiliário, material e imaterial ?
Sobre estas questões ninguém fala...incluindo o "dr." Relvas.
É um fartai e roubai vilanagem !!!

Como nunca se viu. Em tempo algum!
A opacidade do "negócio" e dos interesses de grupo e individuais é total.

Salvo, claro está, para os amigos e procuradores do "dr." Relvas, a começar pelo inefável Rebelo na sua cruzada mártir em defesa da "teoria da inveja", desenterrando uma das mais velhas e estafadas peças da propaganda e da "guerra ideológica" aos que não se resignam à pouca vergonha reinante na apropriação ilegítima de recursos públicos e "privados", alimentados com os nossos impostos, com fundos europeus e, sobretudo, com o valor acrecentado do trabalho de milhões de pessoas que fazem a economia funcionar (melhor ou pior) todos os dias.
Portugal transformou-se num país capturado por umas centenas ou uns poucos milhares de PINANTES...e TROCA
-TINTAS sem vergonha, nem pudor...



ACTUALIZAÇÃO (26/8/2012):










Sábado, Agosto 25, 2012



Miguel Relvas, a RTP e a "Angola connection"


O actual governo esteve ontem entre as 21h e as 23.30h na SIC Notícias (Ribeiro e Castro, Pedro Adão e Silva, Pedro Marques Lopes e Paquete de Oliveira) sob o mais continuado e violento ataque de que há memória por parte de uma estação de televisão, desde que tomou posse. Por ter posto em causa os interesses da Impresa? É provável que isso tenha o seu peso, embora o assunto esteja longe de aí se esgotar. Por, eventualmente, ter ousado enfrentar esses interesses em nome de algo essencial à prossecução dos seus objectivos, à solidez da coligação, ao cumprimento do seu programa, ao bem estar dos portugueses? Nada disso, e até se arriscando, como já se viu, a criar brechas no entendimento governamental. Na realidade, por algo que parece ter a ver apenas com os interesses de algumas pessoas, dentro e fora do governo, eventualmente ligadas aos negócios e interesses estratégicos da ditadura angolana. Talvez também a um outro grupo adversário, quase "inimigo", da Impresa, também ele actuando na área da comunicação social e com ligações africanas e à Fomentinvest, empresa de Ângelo Correia onde Pedro Passos Coelho trabalhou.



Um erro político tremendo, num momento em que os objectivos e estratégia do governo estão cada vez mais em causa, e uma demonstração clara do modo como o Estado e os governos (e não apenas este) se deixam capturar por interesses particulares. Uma evidência inequívoca de que cada vez que o governo se deixa enrodilhar numa trapalhada há sempre um nome em comum e quase sempre o mesmo país estrangeiro envolvido: o do ministro Miguel Relvas, ex-administrador da Finertec - empresa com fortes ligações a Angola -, autor do acto censório sobre Pedro Rosa Mendes por críticas deste à ditadura angolana e defensor público e confesso daquele célebre programa de propaganda ao mesmo país emitido pela RTP1, a mesma RTP que o ministro quer agora concessionar. Chega ou querem mais explicações?


4 comentários:


Anónimo disse...
Caro JC

Chega...as explicações são mais do que suficientes.
Para agravar a situação, e de que maneira, existe o facto de tal medida ter sido "anunciada" (falando bom português - encomendada) por uma figura sinistra (e porque não dizê-lo, tenebrosa) que dá pelo nome de António Borges.
Exactamente, sem vergonha, com total despudor esse "consultor" governamental disse o que lhe encomendaram e mais ainda na entrevista concedida à Judite (de Sousa).

Acredito que o fundo não existe...quando alguém diz que já se bateu no fundo.

Um dia tudo vai acabar mal, ou bem.
Quando se perde o respeito...perde-se o medo.
Somos (?) mansos...mas há limites.

Cumprimentos








Queirosiano disse...
Isto está a tornar-se francamente obsceno...







JC disse...
Na "mouche": obsceno, é o termo.







Karocha disse...
Assino por baixo todos os comentários.













Oportunamente, faremos publicar um trabalho que tornará CRISTALINA a "desvergonha" cívica e política, o servilismo, a vassalagem do "PGR"...(leia-se PG do R.....) na nossa "comarca".































Ai o que o "doutôrão" já disse !!!...e o que vem dizendo desde...(eu depois conto)

Coisa para um ULTIMATO, à inglesa...


VL  
 
 

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

O RELVAS da espionagem. Mais uma...

                                                                                                                                                             75



Com a devida vénia, reproduzimos notícia do "Esquerda.net" :

Cada um que tire as suas conclusões... se assim entender.

Wikileaks: assessor de Relvas foi informador da "CIA privada"

O esquerda.net teve acesso aos emails revelados pela Wikileaks sobre a empresa de espionagem Stratfor. Um dos informadores é português e foi parar ao Governo pela mão de Miguel Relvas. Quando o assessor informou a Stratfor da sua nomeação e se disse disponível para a ajudar no que fosse preciso, a "CIA privada" promoveu-o no ranking de confiabilidade.
Relvas levou informador da Stratfor para o Governo e vai somando histórias ligadas à espionagem.

Há poucas semanas, a organização de Julian Assange disponibilizou ao esquerda.net o acesso ao motor de pesquisa dos emails da Stratfor. Eles revelam a troca de correspondência entre um alto responsável da empresa e um assessor do ministro Miguel Relvas. Trata-se de Diogo Noivo, que antes de entrar no círculo governamental era investigador do Instituto Português de Relações Internacionais e Segurança (IPRIS). O IPRIS é dirigido por Paulo Gorjão, um dos apoiantes de Passos Coelho à presidência do PSD logo em 2008, quando perdeu a eleição para Manuela Ferreira Leite.
Assessor do Governo continuou disponível para a Stratfor
Aos 28 anos de idade, Diogo Noivo foi nomeado assessor de Miguel Relvas logo após a vitória do PSD nas eleições de junho de 2011. O despacho de nomeação publicado em Diário da República diz que o jovem investigador iria "realizar estudos e prestar apoio técnico no âmbito da respectiva especialidade, com um vencimento bruto de 3.069,33 euros, acrescido de despesas de representação", com efeito a partir do dia 22 de junho.
A entrada para o gabinete de Relvas aconteceu três meses depois de ter sido diretamente contactado pela Stratfor, por iniciativa do seu diretor para a África Subsariana, Mark Schroeder. A 23 de agosto, já com Noivo instalado no Governo, Mark Schroeder retomou o contacto com a sua fonte portuguesa para o correio eletrónico do IPRIS, desta vez pretendendo recolher informações sobre os protestos dos jovens em Angola contra Eduardo dos Santos. Segundo as informações já recolhidas pela Stratfor, os protestos estariam a ser empolados a partir de Portugal, através da internet.
Na resposta, Noivo indicou o contacto de um investigador especialista em Angola, que ainda hoje pertence aos quadros do Instituto dirigido por Paulo Gorjão. Após informar Schroeder das suas novas "responsabilidades governamentais", o assessor de Relvas colocou-se ao dispor da Stratfor para futuros contactos. "Caso eu possa ajudar nalguma coisa, não hesite em contactar-me", rematou Diogo Noivo no email enviado ao responsável da Stratfor pela região da África Subsariana a 24 de agosto, dois meses depois de nomeado para o gabinete do ministro.
Na lista de fontes atualizada a 21 julho de 2011, Diogo Noivo era identificado como o informador PT050 e tinha o estatuto de "activo" e o grau C de confiabilidade. Na lista atualizada em Setembro, duas semanas após ter informado o seu contacto na Stratfor da presença no gabinete do Governo, foi promovido ao grau B. No ranking interno com que a Stratfor avalia a "confiabilidade" dos seus informadores, a escala vai de A (mais confiável) a F (nada confiável).
O que é a Stratfor?
No fim de fevereiro, a Wikileaks revelou mais de cinco milhões de emails da empresa de "inteligência global" Stratfor, com sede no Texas, produzidos entre julho de 2004 e dezembro de 2011. Entre os clientes desta empresa estão o Departamento de Segurança Interna dos EUA, a Agência de Inteligência de Defesa e a Marinha norte-americana, fabricantes de armamento e grandes multinacionais como a Dow Chemical, Lockheed Martin ou a Coca Cola, que recorreram aos serviços da Stratfor para vigiar ONG's e grupos críticos dessas empresas.
Mas nem só de serviços de vigilância para clientes especiais vive esta empresa do Texas. Os boletins mensais que a empresa produz são enviados a clientes assinantes do serviço, onde se incluem os principais grupos de comunicação social em todo o mundo, incluindo Portugal. Mas não só: por exemplo, o Instituto de Estudos Superiores Militares do exército português é um dos assinantes deste serviço, pelo qual pagou 2.500 dólares por uma assinatura anual que expira no fim de novembro.
Apesar da forte procura, a qualidade do serviço prestado é questionada entre os jornalistas. "A Stratfor é como a Economist, mas chega uma semana mais tarde e é centenas de vezes mais cara", brincava Max Fischer, editor da revista norte-americana Atlantic, em fevereiro, quando os emails foram divulgados pela Wikileaks, considerando a empresa "uma anedota". Nem de propósito, quinze dias depois a Stratfor anunciou a contratação de Robert D. Kaplan, um dos jornalistas históricos da Atlantic e considerado um dos escribas mais influentes do planeta sobre política internacional, para seu Analista-Chefe de Geopolítica.
Emails continuam a dar que falar
Apesar da projeção mediática do lançamento dos Global Intelligence Files - o nome que a Wikileaks deu aos emails da Stratfor a que o grupo de hackers Anonymous teve acesso - ter sido menor que os emails das embaixadas norte-americanas, eles são vistos como estando na origem dos ataques aos servidores da Wikileaks nas últimas semanas, reivindicados por um grupo autointitulado Antileaks.
Em causa podem estar emails que falam acerca de um sistema de videovigilância que está a ser posto em marcha em várias cidades norte-americanas e é considerado muito mais eficaz que os sistemas de reconhecimento facial existentes. Trata-se do programa "Trapwire", levado a cabo pela empresa Arbaxas, que conta nos seus quadros com antigas figuras de topo do Pentágono e da CIA. Segundo os criadores deste programa, o sistema detecta padrões de comportamento utilizados em operações de vigilância na preparação de atentados terroristas e em seguida classifica o grau de ameaça.
Na prática, quem for apanhado nas câmeras de vigilância a tirar fotografias ou a medir distâncias fará disparar um alerta no sistema. A ideia de um sistema que "prevê" a atividade criminosa tem levantado grande debate nas últimas semanas na internet, como muita gente a duvidar da sua eficácia, entre muitas citações do filme "Relatório Minoritário". Segundo a revista Newsweek, a Stratfor também ganhou com este negócio, ao assinar com a Abraxas um acordo que lhe dá 8% das vendas que recomende à sua extensa e milionária base de dados de clientes. O negócio data de 2009 e a newsletter da Stratfor já gabou esta "revolução no mercado da vigilância" várias vezes desde então, sem nunca referir a sua fatia no negócio.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

D. REBELO é vesgo, zarolho, estrábico ou talibã ?

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Diz o TÓ :

Em todo o caso, é para mim penoso constatar que, cidadãos outrora arautos de uma sociedade mais livre, mais justa e mais fraterna, estejam agora reduzidos a contestar a política governamental imposta pela troika, abstendo-se cuidadosamente de enunciar alternativas. Preferem ir enumerando as tristes consequências da austeridade.


Os seus selectivos critérios de leitura impedem-no de tomar conhecimento de outras realidades :

   Revista de imprensa: destaques do "Diário Económico"




Para o FMI, o resgate ao estilo islandês é uma lição a reter em tempos de crise

17.08.2012 - 00:07 Por Omar R. Valdimarsson, em Reiquejavique


<p>Islândia decidiu não proteger os credores dos bancos</p>Islândia decidiu não proteger os credores dos bancos
(Bob Strong/Reuters)
Depois de a sua abordagem à intervenção externa ter conduzido a economia a uma recuperação surpreendentemente forte, a Islândia tem lições fundamentais a dar aos países que queiram sobreviver aos resgates.
O compromisso da Islândia para com o seu programa de ajustamento, a decisão de impor perdas aos credores em vez de sobrecarregar os contribuintes e a opção de salvaguardar um Estado social que protege os desempregados da pobreza, permitiu ao país passar do colapso à recuperação. Quem o diz é o Fundo Monetário Internacional (FMI).

"A Islândia conseguiu conquistas significativas desde a crise", disse Daria Zakharova, chefe de missão do fundo para o país, numa entrevista. "Temos uma previsão de crescimento muito positiva, sobretudo para este ano e para o próximo, porque o crescimento parece assentar numa base ampla", acrescentou.

A Islândia recusou proteger os credores dos seus bancos, que entraram em falência em 2008 depois de as suas dívidas terem atingido 10 vezes mais do que a dimensão da economia. A decisão da ilha de se proteger de uma fuga de capitais, restringindo a circulação da moeda, permitiu ao Governo repelir um ataque especulativo, estancando a hemorragia da economia. Isso ajudou as autoridades a concentrarem-se no apoio às famílias e às empresas."O facto de a Islândia ter conseguido preservar um sistema de Estado social mesmo tendo de proceder a uma consolidação orçamental bastante considerável é uma das maiores conquistas do programa e do Governo da Islândia", afirmou Zakharova.

Em Março, o FMI tinha programas de ajuda com 11 países europeus, para onde são canalizados 65% dos fundos da instituição. Os governos dentro da zona euro têm-se debatido para obedecer aos planos de austeridade prescritos nos pacotes de ajuda da União Europeia e do FMI, que já foram alvo de vários ajustamentos nos termos e nos prazos, como é o caso da Grécia.

Ao mesmo tempo, os mercados da dívida têm demonstrado falta de confiança nestes programas, atirando as taxas de juro das obrigações para níveis recorde e colocando pressão adicional sobre as finanças públicas. Países dentro da zona euro ou com moedas indexadas ao euro, como a Letónia, têm apostado nos cortes de salários e de apoios sociais para atingir as metas dos programas de ajustamento.

Na Islândia, a queda de 80% da moeda (a coroa islandesa) face ao euro em 2008 ajudou a transformar o défice comercial num excedente logo no final daquele ano. O desemprego, que se tornou nove vezes maior entre 2007 e 2010, caiu para 4,8% em Junho face ao pico de 9,3%, atingido há dois anos. "Cada programa é diferente e responde a situações diferentes, por isso não podemos comparar directamente", considera Zakharova. "Mas, considerando a dimensão da crise no final de 2008, a recuperação da Islândia foi impressionante", conclui. A Islândia – que o FMI colocava, em 2005, como a terceira nação mais rica do mundo em termos do PIB per capita, antes de deslizar para o 20.º lugar em 2010 – terminou o seu programa de ajustamento em Agosto do ano passado. Durou 33 meses. A sua economia, que vale 33 mil milhões de dólares (cerca de 27 mil milhões de euros), vai crescer 2,4% este ano, disse o FMI em Abril. Um valor que compara com a contracção de 0,3% prevista para a zona euro.

O crescimento da Islândia está a ser impulsionado pelo consumo privado e pelo investimento, que recuperou mais rapidamente do que se pensava. "Mesmo olhando para as exportações líquidas, que têm um contributo negativo para o crescimento, é porque as importações foram fortes, reflectindo um aumento do consumo e dos rendimentos, bem como as expectativas optimistas das famílias", explica o chefe de missão do FMI. Ainda assim, salienta, as exportações têm estado a crescer de forma significativa. "O ano passado foi um ano-bandeira para o turismo. Há várias coisas positivas a acontecer", conclui Zakharova.

À medida que a crise da dívida se acentua, a Islândia, que encetou as conversações para tornar-se membro da UE em 2010 tendo como objectivo a entrada na zona euro, está a começar a questionar-se até que ponto o acesso à união monetária e comercial é o caminho a seguir – 39 dos 63 deputados do Parlamento islandês opõem-se à continuação das negociações para a entrada na UE e poderão pressionar para que o processo seja arquivado antes das eleições do próximo ano, noticiou recentemente o jornal Morgunbladid.

Além disso, a ilha ainda precisa de mostrar que consegue pôr fim ao controlo de capitais de forma bem-sucedida, diz o chefe de missão do FMI. Há o equivalente a cerca de oito mil milhões de dólares parados em "coroas offshore", visto que, desde 2008, os investidores estrangeiros detentores de moeda islandesa foram proibidos de a trocar por outra divisa. O banco central disse que o plano para pôr fim a estas restrições deverá estar concluído no final de 2015. A lei que permite ao Governo manter o controlo de capitais expira no próximo ano, pelo que a sua extensão obrigaria a uma aprovação parlamentar. O antigo ministro da Economia Arni Pall Arnason disse, numa entrevista em Setembro, que a Islândia não tem planos para regressar à livre circulação da moeda antes de entrar no euro.

Desde que bateu um mínimo histórico a 28 de Março, a coroa islandesa ganhou cerca de 15% face ao euro. "O levantamento dos controlos de capital é um desafio central para a Islândia e não será uma tarefa fácil", considera Zakharova. Ao mesmo tempo, "o Governo recuperou o acesso aos mercados de capital internacionais e a limpeza dos balanços dos bancos segue a bom ritmo", salienta, concluindo que é "importante que estes ganhos sejam sustentados e consolidados. Enquanto o banco central se prepara para abrandar o controlo de capitais, as autoridades estão a aumentar as taxas de juro, em parte para proteger a moeda de uma potencial desvalorização. "Será preciso um maior aperto da política monetária nos próximos trimestres para a Islândia alcançar os seus objectivos", concluiu Zakharova.

ExclusivoBloomberg/PÚBLICO


Ou será a opinião de uma perigosa esquerdista infiltrada no FMI ?

A reflexão e conclusões ficam para cada um...

VL