quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Dossier RTP / RELVAS - mais um exemplo da OPACIDADE reinante (ACTUALIZADO)

                                                                                                                                                              76










Newshold: o silêncio é a arma do negócio?



Há uns anos, o ex-deputado laranja Agostinho Branquinho perguntou numa comissão parlamentar o que era a Ongoing. Poucos meses depois, trocava São Bento por um cargo na empresa que dizia desconhecer. Com a Newshold, detida por uma sociedade offshore no Panamá e ligada a capitais do regime angolano, a pergunta é outra: o Governo mandou calar na rádio e na agência de notícias pública uma voz crítica de Eduardo dos Santos para agradar a Luanda, aparentemente interessada na RTP1?

A RTP acabou com o espaço de opinião que serviu de palco a críticas duras a Angola. Imagem Artigo 21º


Lead:
Há uns anos, o ex-deputado laranja Agostinho Branquinho perguntou numa comissão parlamentar o que era a Ongoing. Poucos meses depois, trocava São Bento por um cargo na empresa que dizia desconhecer. Com a Newshold, detida por uma sociedade offshore no Panamá e ligada a capitais do regime angolano, a pergunta é outra: o Governo mandou calar na rádio e na agência de notícias pública uma voz crítica de Eduardo dos Santos para agradar a Luanda, aparentemente interessada na RTP1?
No passado dia 18 de janeiro, a crónica habitual de Pedro Rosa Mendes na Antena 1 criticou a emissão do programa televisivo “Prós e Contras” da RTP feita em direto a partir de Angola, com a participação do ministro Miguel Relvas, como sendo "um dos mais nauseantes e grosseiros exercícios de propaganda e mistificação a que alguma vez assisti". Rosa Mendes é um dos jornalistas portugueses que mais escreveu sobre a corrupção em Angola e na sua crónica não poupou o programa apresentado por Fátima Campos Ferreira.
"A nossa televisão foi a Luanda socializar com os apparatchiks do regime", disse o antigo jornalista da delegação da agência Lusa em Paris, até que em agosto do ano passado, a delegação foi encerrada. "O encerramento da delegação de Paris foi expressamente pedido ao presidente da Lusa pelo ministro Miguel Relvas", afirmou na altura Rosa Mendes ao semanário Expresso, referindo-se à reunião entre o ministro e Afonso Camões antes do anúncio da decisão.
A "operação de limpeza" de vozes críticas da corrupção em Angola na informação pública coincide com o aumento dos negócios em Portugal por parte das figuras mais chegadas ao círculo de Eduardo dos Santos. E o grupo Newshold tem sido dos mais ativos a fazer crescer a sua influência na estrutura acionista da comunicação social em Portugal, depois de adquirida a maioria do capital do semanário Sol. No último semestre do ano passado, adquiriu as posições do BPI e do Santander na Cofina e é hoje dona de 15% da empresa que detém o Correio da Manhã, Record, Sábado e Jornal de Negócios. A Newshold ainda detém uma participação minoritária no grupo Impresa (SIC, Expresso, Visão) e este mês foi associada ao comprador mistério que fez disparar num dia em 31% o valor das ações da empresa liderada por Pinto Balsemão, com quase meio milhão a serem transacionadas.
A Newshold é detida pela Pineview Overseas, uma empresa com sede no offshore do Panamá e com um capital social de dez mil dólares. Em Portugal, a empresa é representada pela advogada Ana Oliveira Bruno, que preside à sociedade proprietária do semanário Sol e representa outras sociedades offshore com interesses em imobiliário, sendo também administradora do resort Vale do Lobo, no Algarve. Os nomes mais associados pela imprensa ao capital da Newshold são o do porta-voz presidencial Aldemiro Vaz da Conceição e o do empresário António Maurício, vice-presidente da Fundação Eduardo dos Santos e presidente da Construtora do Tâmega. Numa das raras declarações públicas - numa conferência sobre investimento angolano em Portugal, realizada em Lisboa em novembro de 2010 - Ana Bruno afirmou que "o capital angolano tem de ser bem recebido e bem tratado".
Com poucas semanas de intervalo, a saída do vice-presidente da RTP José Marquitos para administrador da Newshold e o "Reencontro" da RTP em Luanda com Miguel Relvas, políticos e empresários podem ser lidas como uma boa indicação acerca da identidade do potencial comprador do canal 1. Mas não só: como diz a Comissão de Trabalhadores da RTP, "ao escamotear a realidade angolana, o programa 'Reencontro' deu, afinal, execução e cumprimento às recomendações de um relatório que a abominação pública parecia ter relegado, merecidamente, para o caixote do lixo da História – o relatório Duque", que advogava a informação filtrada "a bem da Nação".




Hoje, em 23 Agosto 2012, seis meses passados, o "Público" dá à estampa :


Televisão pública

Grupo angolano cria empresa para comprar canal da RTP

23.08.2012 - 08:08 Por Maria Lopes
 
Privatização de licença da RTP mobiliza interesse dos accionistas do semanário SolPrivatização de licença da RTP mobiliza interesse dos accionistas do semanário Sol (Foto: Fernando Veludo/nFactos)
A Newshold, grupo angolano proprietário do semanário Sol, está a preparar a sua candidatura à privatização de uma frequência da RTP, tendo para isso criado uma nova empresa.
De acordo com fontes do mercado contactadas pelo PÚBLICO, a Newshold está mesmo já a contratar colaboradores para a elaboração do projecto.

Quem está a conduzir o processo dessa nova empresa é José Marquitos, que foi vice-presidente da RTP durante quatro anos e saiu em Janeiro, aquando da mudança de mandato e da redução da administração da estação pública de cinco para três elementos. Fora administrador do Sol em 2006 e 2007, e a sua contratação para director-geral para as empresas participadas foi confirmada pela Newshold ainda antes de Marquitos deixar a RTP.

Contactado pelo PÚBLICO, José Marquitos negou que esteja envolvido na preparação de candidatura do grupo de capitais angolanos à privatização de uma frequência da RTP. Admitiu que o grupo criou uma nova empresa, a Novo Conteúdo, uma espécie de intermediário entre os compradores e os vendedores de espaço publicitário em órgãos de comunicação social. Destina-se apenas a "conseguir mais eficiência em áreas como a publicidade e a distribuição para o jornal Sol", embora admita que "possa vir a ganhar massa crítica com outros títulos" e outros projectos. Porém, afirma desconhecer outros planos do accionista para a Novo Conteúdo, remetendo esclarecimentos para o administrador Mário Ramires - de quem, apesar de várias tentativas, não foi possível obter um comentário.

O objecto social da Novo Conteúdo é, no entanto, mais vasto. Além da prestação de serviços de marketing e planeamento publicitário, entre outras funções, a empresa dedica-se também à "consultoria e assessoria no desenvolvimento, implementação e acompanhamento de projectos de marketing, publicidade e comunicação". Criada em Dezembro de 2011, a empresa teve como presidente a advogada Ana Bruno - representante de investidores angolanos em 20 outras empresas, e na altura também presidente da Newshold -, que foi depois substituída por Sílvio Madaleno na sequência do caso de fraude fiscal e branqueamento de capitais conhecido como operação Monte Branco.

Além do Sol, a Newshold tem uma participação de cerca de 15% na Cofina, que edita o Correio da Manhã (CM), e uma participação residual de 1,7% na Impresa. A Cofina, que actualmente está a apostar no sector da televisão através do Correio da Manhã TV - canal generalista com forte componente informativa com lançamento em exclusivo no Meo previsto para o primeiro trimestre do próximo ano -, é o parceiro natural para a Newshold no dossier RTP. A Cofina não quis comentar o assunto.

O assunto RTP está neste momento a provocar um movimento de informações contraditórias no sector do audiovisual. Para uma parte, o cenário de candidatura de capitais angolanos - incluindo outras empresas além da Newshold - é ponto assente; para outra, a versão posta a circular é a de que ninguém de Angola estará interessado na RTP por causa das polémicas que daí poderão advir - haverá quem considere que as empresas angolanas serão mesmo inelegíveis neste processo -, e a teoria de que os 15% que a Newshold tem na Cofina poderão servir de alavancagem para uma candidatura conjunta à compra da RTP é pura especulação. O grupo do CM é o único dos grandes que não tem uma participação com peso na TV.

De olho na RTP estará também, indirectamente, a Ongoing. O negócio só seria exequível através da sua participada brasileira Ejesa, já que o grupo de Nuno Vasconcellos detém uma quota de 23% na Impresa, dona da SIC. Embora o mercado dos media atravesse uma crise, um activo retirado à RTP pode, ainda assim, ser interessante para redes internacionais como as brasileiras Bandeirantes ou Record, ou até a italiana Mediaset, que também tem canais de televisão em Espanha. Outra possibilidade é os candidatos excluídos do concurso para a atribuição do quinto canal - e que impugnaram em tribunal a decisão da Entidade Reguladora para a Comunicação Social - voltarem agora os seus interesses para a privatização de um canal da RTP. Embora o grupo de empresários que deu origem ao consórcio Telecinco seja uma hipótese mais afastada, não é de estranhar que a Zon Multimédia se coloque no início da corrida. A Zon tem como accionista de referência a filha do Presidente angolano, Isabel dos Santos (28,8%), mas estão também na lista de accionistas Joaquim Oliveira e a Ongoing, ambos com menos de 5%.O cenário actual no mercado é de expectativa: não se sabe qual a estratégia e o modelo a aplicar neste negócio de venda de uma frequência da RTP. Uma hipótese é que a venda de uma frequência possa ficar de algum modo ligada também à alienação de boa parte dos meios de produção - uma estratégia para ajudar a criar mais-valias no bem a alienar. Ou seja, quem comprasse a frequência - e não o canal de programação - ficaria com a parte técnica (excluindo a produção de informação, como a régie), tendo depois privilégios no fornecimento de programas aos canais remanescentes no serviço público. Outra ideia em cima da mesa é que o comprador da frequência e dos meios de produção possa ficar nas instalações da RTP mediante o pagamento de uma renda - uma receita segura para a empresa.

Notícia publicada na íntegra às 13h40. Leia mais artigos sobre este tema no PÚBLICO desta quinta-feira ou na edição online exclusiva para assinantes.

 
URL desta Notícia

Comentário + votado

Erva daninha

Isto cheira a Relvas meus senhores, há Relvas a crescer por todo o lado.
Arons Vale E Cunha
23.08.2012 12:14

E, face a esta e outras notícias similares, o que me ocorre suscitar ?



RTP quer dizer RÁDIO E TELEVISÃO DE PORTUGAL, S.A.
É, portanto, uma empresa com um vasto património imobiliário, técnico e tecnológico (meios de produção), possuidora de pelo menos 3 rádios - Antena 1, Antena 2, Antena 3 - pois não sei qual o estatuto da ex-RDP Internacional; dois canais de televisão em sinal aberto - RTP 1 e RTP 2; 4 canais por cabo - RTP Internacional, RTP África, RTP Memória, RTP Informação.
E tem ainda um ARQUIVO áudio e de imagem de valor incalculável.
Vendam o que venderem, a quem fica a pertencer este vasto património imobiliário, material e imaterial ?
Sobre estas questões ninguém fala...incluindo o "dr." Relvas.
É um fartai e roubai vilanagem !!!

Como nunca se viu. Em tempo algum!
A opacidade do "negócio" e dos interesses de grupo e individuais é total.

Salvo, claro está, para os amigos e procuradores do "dr." Relvas, a começar pelo inefável Rebelo na sua cruzada mártir em defesa da "teoria da inveja", desenterrando uma das mais velhas e estafadas peças da propaganda e da "guerra ideológica" aos que não se resignam à pouca vergonha reinante na apropriação ilegítima de recursos públicos e "privados", alimentados com os nossos impostos, com fundos europeus e, sobretudo, com o valor acrecentado do trabalho de milhões de pessoas que fazem a economia funcionar (melhor ou pior) todos os dias.
Portugal transformou-se num país capturado por umas centenas ou uns poucos milhares de PINANTES...e TROCA
-TINTAS sem vergonha, nem pudor...



ACTUALIZAÇÃO (26/8/2012):










Sábado, Agosto 25, 2012



Miguel Relvas, a RTP e a "Angola connection"


O actual governo esteve ontem entre as 21h e as 23.30h na SIC Notícias (Ribeiro e Castro, Pedro Adão e Silva, Pedro Marques Lopes e Paquete de Oliveira) sob o mais continuado e violento ataque de que há memória por parte de uma estação de televisão, desde que tomou posse. Por ter posto em causa os interesses da Impresa? É provável que isso tenha o seu peso, embora o assunto esteja longe de aí se esgotar. Por, eventualmente, ter ousado enfrentar esses interesses em nome de algo essencial à prossecução dos seus objectivos, à solidez da coligação, ao cumprimento do seu programa, ao bem estar dos portugueses? Nada disso, e até se arriscando, como já se viu, a criar brechas no entendimento governamental. Na realidade, por algo que parece ter a ver apenas com os interesses de algumas pessoas, dentro e fora do governo, eventualmente ligadas aos negócios e interesses estratégicos da ditadura angolana. Talvez também a um outro grupo adversário, quase "inimigo", da Impresa, também ele actuando na área da comunicação social e com ligações africanas e à Fomentinvest, empresa de Ângelo Correia onde Pedro Passos Coelho trabalhou.



Um erro político tremendo, num momento em que os objectivos e estratégia do governo estão cada vez mais em causa, e uma demonstração clara do modo como o Estado e os governos (e não apenas este) se deixam capturar por interesses particulares. Uma evidência inequívoca de que cada vez que o governo se deixa enrodilhar numa trapalhada há sempre um nome em comum e quase sempre o mesmo país estrangeiro envolvido: o do ministro Miguel Relvas, ex-administrador da Finertec - empresa com fortes ligações a Angola -, autor do acto censório sobre Pedro Rosa Mendes por críticas deste à ditadura angolana e defensor público e confesso daquele célebre programa de propaganda ao mesmo país emitido pela RTP1, a mesma RTP que o ministro quer agora concessionar. Chega ou querem mais explicações?


4 comentários:


Anónimo disse...
Caro JC

Chega...as explicações são mais do que suficientes.
Para agravar a situação, e de que maneira, existe o facto de tal medida ter sido "anunciada" (falando bom português - encomendada) por uma figura sinistra (e porque não dizê-lo, tenebrosa) que dá pelo nome de António Borges.
Exactamente, sem vergonha, com total despudor esse "consultor" governamental disse o que lhe encomendaram e mais ainda na entrevista concedida à Judite (de Sousa).

Acredito que o fundo não existe...quando alguém diz que já se bateu no fundo.

Um dia tudo vai acabar mal, ou bem.
Quando se perde o respeito...perde-se o medo.
Somos (?) mansos...mas há limites.

Cumprimentos








Queirosiano disse...
Isto está a tornar-se francamente obsceno...







JC disse...
Na "mouche": obsceno, é o termo.







Karocha disse...
Assino por baixo todos os comentários.













Oportunamente, faremos publicar um trabalho que tornará CRISTALINA a "desvergonha" cívica e política, o servilismo, a vassalagem do "PGR"...(leia-se PG do R.....) na nossa "comarca".































Ai o que o "doutôrão" já disse !!!...e o que vem dizendo desde...(eu depois conto)

Coisa para um ULTIMATO, à inglesa...


VL  
 
 

Sem comentários:

Enviar um comentário

A sua opinião só o responsabiliza a si, mesmo que dada com recurso ao anonimato.
Por essa razão, nenhum comentário será censurado. Todos serão publicados, sem excepção. Por mais insultuosos e repugnantes que possam ser, em relação a quem a quem quer que seja.
Só os seus autores sairão emporcalhados.
O julgamento e a sentença moral e cívica caberá aos leitores, exclusivamente.