quarta-feira, 3 de outubro de 2012

RAZÕES DESTE INTERVALO DE SILÊNCIO


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A sucessão de factos políticos - locais e nacionais - carece de uma pausa para ler, pensar, analisar e reflectir.

A situação actual é bastante complexa, o desastre local e nacional tende a agravar-se exponencialmente nas próximas semanas e meses.

As soluções e as alternativas estão bloqueadas pelas esquerdas que não conseguem desempenhar o seu papel.

Por várias razões, mas sobretudo porque um dos elos, o incontornável PS, teima em querer estar sentado em duas cadeiras. Mais com os olhos na gamela que deixou hà 15 meses do que preocupado com os Portugueses. Está apostado no "quanto pior melhor". Quer mais 3 anos de martírio para o Povo e para o País, pensando que emergerá dos escombros, pronto para governar sózinho, com uma política muito semelhante à actual, porque submissa aos interesses da troika e do que ela representa.

Julgo que estão profundamente enganados.

A estratégia da actual direcção, onde pontificam jotinhas profissionais, gente que nunca trabalhou, gente que foi vivendo pendurada no Estado e de expedientes, sem conhecimento ou experiência do que são a vida e o País reais, írá conduzir, inevitávelmente, a uma "pasokização" do PS.

Vivemos um momento em que, à esquerda, não há uma estratégia e uma táctica adequadas à difícil situação do País. Por razões diferentes.

Mas, acima das razões que o PCP, o BE e o PS possam invocar, está a trágica realidade de um País a caminhar para o abismo.

A maioria da população, independentemente dos partidos em que votou ou costuma votar, está revoltada e em pânico.

Não está contra a Democracia.

Está contra ESTA ditadura travestida de democracia.

Já não acredita nos partidos, em todos, por razões e responsabilidades efectivas muito diferentes.

A confusão instala-se. Os partidos mais responsáveis pela governação e descalabro do País e a generalidade dos órgãos de informação e seus comentadores residentes - quase todos afectos ao PSD e a Cavaco e, alguns, menos, ao PS - empenham-se em proclamar a ideia de que os partidos e os políticos são todos iguais.

Pretendem convencer os Portugueses que as responsabilidades dos partidos parlamentares à esquerda do PS têm as mesmas responsabilidades que os do chamado "ARCO DO PODER" - PSD, PS e CDS - dominados por verdadeiras centrais de ilegítimos interesses pessoais com perfume intenso de corrupções que se auto-protegem mútuamente. 

Nada mais falso e perigoso. E injusto.

Como a História - nacional e internacional - já mostraram de forma clara e, na maioria dos casos, TRÁGICA.

Os movimentos populares contra a troika, contra o governo e as suas políticas, vão tomar conta das ruas.

E, no caos, descrentes e contra os partidos tradicionais, há-de surgir uma solução, uma alternativa. Boa ou má. Musculada. Ditatorial ou democrática.

Sempre assim foi e continuará a ser.

No próximo dia 5 de Outubro vai realizar-se, em Lisboa, um Congresso das Alternativas. Foi convocado por milhares de cidadãos - sem partido, afectos ao PS, ao PCP, ao BE. Até Garcia Pereira, dirigente do MRPP, tem participado no debate preparatório.

Esperemos para ver o que de lá irá resultar.

Oxalá seja o princípio da construção de uma alternativa real, de políticas e de programa concreto de governo para inverter o rumo do desastre e salvar o País.

O que não será fácil. Será difícil e duro. Mas de sinal diferente, exigindo mais sacrifícios aos que mais podem e aos que mais contribuiram para esta crise.

Só que o exemplo tem de vir de cima - do Estado e dos seus titulares.

Do Estado que sempre foi, é, e será, o instrumento central de dominação de classes ou grupos sociais.

E este governo levou o Estado dos possidentes - dos grandes senhores e grupos, nacionais e internacionais - tão estúpidamente longe (com a TSU) que os próprios beneficiários (inteligentes, ao contrário do que disse o palerma Borges) se levantaram contra o fundamentalismo da abjecta medida.

Portugal, a Europa e o Mundo estão no limiar de grandes mudanças.

Os Povos continuarão a ser os grandes sujeitos da História da Humanidade.

Contra tudo e contra todos os que se opuserem à liberdade, à paz e ao progresso social.


VL

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