sexta-feira, 20 de abril de 2012

REBELO, o padrinho e a verdade histórica

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O general Oliveira, então capitão e Presidente da Câmara de Tomar, tem de ser apreciado com verdade e isenção, como político e como homem.

Se é verdade que como homem teve uma postura bairrista e soube aproveitar, a bem da sua terra, a posição privilegiada que tinha na hierarquia do aparelho de Estado fascista e a proximidade e confiança que conseguiu granjear junto de Salazar.

Se é verdade que teve um papel determinante em conseguir financiamento do Estado Novo para a realização de obras como o mercado, o estádio, a estalagem de Santa Iria e o então Bairro Salazar ou Bairro da Sopa dos Pobres, mesmo actuando à "Duarte Pacheco", ou seja, tomando a posse abusiva dos terrenos sem pagar um "tusto".

Não é menos verdade que algumas delas se inseriam no espírito "caridoso" de criar "guettos" para pobres ou muito pobres, nas então cercanias da cidade.

Não é menos verdade que deixou o concelho, a exemplo do que aconteceu por todo o país, num estado de carência extrema de infraestruturas básicas, muitas delas enterradas debaixo do solo e menos propícias à propaganda. É o caso do abastecimento de água, da electrificação das freguesias rurais, do saneamento básico, dos postos médicos, das estradas de ligação das aldeias à cidade e entre si, etc, etc.

Não é verdade que a Ponte Nova, o Parque de Campismo e até a Piscina Vasco Jacob tenham sido obras "dele". Aí o papel preponderante já coube ao Eng. Arantes e Oliveira, também tomarense e à época ministro das obras públicas de Salazar.

Mas é verdade indesmentível que o então capitão Oliveira, na sua qualidade de Presidente da Câmara nomeado, não eleito, ao contrário da postura de todos os seus sucessores nomeados pelo regime - Dr. Aurélio Ribeiro e Dr. Manuel Machado - foi um dilecto colaborador da PIDE, participando activamente na perseguição e denúncia de conhecidos resistentes anti-fascistas tomarenses, como é bem evidenciado pela carta acima transcrita, recolhida nos arquivos da PIDE/DGS depositados e abertos a consulta pública no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa.
Talvez um dia possa aqui contar como um "rabo de palha" ou melhor, "um rabo de saia" do capitão, o obrigou a empenhar-se na libertação urgente de um anti-fascista de Tomar que ele tinha mandado prender pela PIDE horas antes. Só por respeito a familiares directos de ambos, ainda sobrevivos, este não é o tempo oportuno para contar uma história simultâneamente revoltante e hilariante. Importante é que o resistente foi solto. Imediatamente! Sem caução, sem qualquer reserva!

Também é verdade que a nossa linda cidade-jardim não o foi só no "consulado" do então capitão Oliveira. Continuou a sê-lo, durante décadas, em ditadura e em democracia, depois de ele ter abandonado o cargo. 

A verdadeira desgraça, abandono e descaracterização da cidade-jardim e do concelho acontece e desenvolve-se aceleradamente nos últimos 15 anos. Precisamente desde que a dupla RELVAS/PAIVA assumiu o poder. Os "actores" seguintes, incluindo o actual, são, políticamente, figurantes submissos, sem ideias, sem rasgo, sem capacidade.

É com o novo padrinho do Sr. REBELO, que tem de ser sempre afilhado político de alguém, que se iniciou o ciclo que nos conduziu ao descalabro actual.

Mas esse novo padrinho - RELVAS de seu nome - nada tem a ver com a postura bairrista do capitão Oliveira ou do Eng. Arantes e Oliveira. É O INVERSO. E não vai ser preciso esperar muito para ver a sua real estatura de "estadista"...

Esse apenas se serviu e serve de Tomar, já que só após 2005 conseguiu ingressar no mundo das "comissões". Porque nunca produziu nada, nunca criou um posto de trabalho.

O que Tomar lhe deve é a instalação de portagens no IC3 entre o nó da Atalaia e o nó de Santa Cita, incluindo uma curva-troço ao custo de 5 cêntimos, o progressivo desmantelamento do nosso Hospital em benefício de seus antigos "patrões" ou de novos ou velhos amigos destes, uma Câmara falida com um passivo de dezenas de milhões de euros e muitos elefantes brancos ou negros, como talvez seja mais apropriado chamar-lhes.

E já agora, "a talhe de foice", comparem o que o dizia há poucos dias sobre o Paiva e o que diz hoje :

"Resultado das obras paivinas do Muro de Berlim. Muito pitoresco, não é?"

E verifico agora que já retirou, certamente por ordem do novel padrinho, a fotografia e o comentário àcerca do Convento de Santa Iria, em que qualificava Paiva de megalómano.

Voltando ao "endeusamento" do capitão Oliveira, quero dizer que compreendo as análises emotivas e superficiais de conterrâneo(a)s que estão justificadamente revoltados e indignados com o que veem hoje.

Contra as palavras revanchistas do TÓ, termino com a minha sentida homenagem e preito de respeito aos tomarenses Nini Ferreira e Lopes-Graça que bem conheci e que muito fizeram, cada um à sua maneira, pelo concelho e pelo seu prestígio. E nunca fizeram fretes políticos ao capitão.


VL

  

1 comentário:

  1. Depois de ler este artigo e ler o artigo do Guru Rebelo, verifico o que não sabia, porque em tempos idos não fazia parte do nosso conselho, mas agora vejo que realmente o afilhado e muito submisso ao padrinho Relvas. Sera que o Guro Rebelo vai receber o convite para se candidatar ao Município de Tomar em 2013?
    Enfim, nunca vi tal submissão a tão pobre ministro.

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